por Gilberto Dimenstein
FALANDO GREGO NA FAVELA
Veguinaldo Rodrigues Filho – mais conhecido como Mestre Dinho – resolveu levar a história da Grécia antiga para favelas. Seu objetico era mostrar aos jovens alguns ensinamentos da Filosofia para ajudá-los a enfrentar problemas cotidianos. Mas como falar sobre Sócrates e Platão no período noturno de uma escola de Ensino Médio pública quando os alunos já estão cansados – quase todos trabalham durante o dia – e a Filosofia lhes parece algo confuso e sem conexão com a realidade? “Uma boa provocação estava logo ali do lado, um estádio de futebol”, apostou Dinho.
Cientista social e filósofo formado na PUC, Mestre Dinho aprendeum naquela favela, que a cultura clássica consegue ser absorvida por crianças e jovens desde que esse conhecimento tenha sentido prático em sua vida. Percussionista (daí vem o título de mestre), ele conduz projetos culturais em favelas, onde experimentou, por exemplo, a mistura do samba com ritmos tradicionais da Espanha.
Para ajudar na compreensão da Filosofia dos pensadores gregos, Dinho levou os estudantes para a sala de informática da escola. Fez que, navengando pela internet, vissem imagens dos estádios construídos na Grécia e contou como eles eram utilizados. As festas religiosas, em devoção aos deuses, abrigavam competições esportivas, teatro e poesia. Daí se ergueu uma ponte entre o estádio perto da favela e Atenas, numa viagem de cerca de 2,500 anos.
A noção de Ágora, praça em que se tomavam decisões políticas na Grécia, foi o pretexto para que os estudantes circulassem pelas redondezas e discutissem o significado de espaço público. “Pode-se mostrar como os conceitos de cidadania nascem com as cidades gregas.” Civitas é a tradução do grego polis e está na raiz das palavras “cidade” e “cidadania”. “Basta apenas olhar a paisagem da desigualdade para relacionar o que acontece hoje numa favela com os debates na Grécia sobre cidadania e justiça”, finaliza.
Cientista social e filósofo formado na PUC, Mestre Dinho aprendeum naquela favela, que a cultura clássica consegue ser absorvida por crianças e jovens desde que esse conhecimento tenha sentido prático em sua vida. Percussionista (daí vem o título de mestre), ele conduz projetos culturais em favelas, onde experimentou, por exemplo, a mistura do samba com ritmos tradicionais da Espanha.
Para ajudar na compreensão da Filosofia dos pensadores gregos, Dinho levou os estudantes para a sala de informática da escola. Fez que, navengando pela internet, vissem imagens dos estádios construídos na Grécia e contou como eles eram utilizados. As festas religiosas, em devoção aos deuses, abrigavam competições esportivas, teatro e poesia. Daí se ergueu uma ponte entre o estádio perto da favela e Atenas, numa viagem de cerca de 2,500 anos.
A noção de Ágora, praça em que se tomavam decisões políticas na Grécia, foi o pretexto para que os estudantes circulassem pelas redondezas e discutissem o significado de espaço público. “Pode-se mostrar como os conceitos de cidadania nascem com as cidades gregas.” Civitas é a tradução do grego polis e está na raiz das palavras “cidade” e “cidadania”. “Basta apenas olhar a paisagem da desigualdade para relacionar o que acontece hoje numa favela com os debates na Grécia sobre cidadania e justiça”, finaliza.