domingo, 5 de abril de 2009

PALAVRA DO AUTOR

Platão e o mito da caverna

Em uma das passagens mais conhecidas de toda a história da Filosofia, Platão cria uma alegoria para mostrar sua Teoria das Formas ou das Ideias. O mito da caverna faz parte do livro VII de A República, obra de maturidade do autor.
A República é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresentam o método dialético de investigação filosófica. Por meio de aproximações sucessivas, o mestre discute a organização da sociedade, a natureza da política, o papel da educação e a essência da justiça.
Sócrates conta que os homens estão acorrentados no fundo de uma caverna escura. Por trás deles, um fogo arde, irradiando uma luz que se projeta no interior da caverna. Nas paredes, podem ser vistas formas humanas se movendo. Os homens que estão no interior da caverna pensam que o que veem é a realidade, mas veem apenas sua própria sombra. Pensam assim porque não conhecem outro mundo. Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo onde vivemos, que é o mundo das aparências. A luz da verdade (as Ideias ou as Formas) projeta sombras (coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras). Estamos presos. No entanto, o filósofo é capaz de escalar o muro para contemplar a luz plena. Essa luz é o Ser; o Bem; é essa a luz que ilumina o mundo inteligível (que se pode conhecer).

O mito da caverna

Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permancer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe; numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no gênero tapumes que os homens dos “robertos” colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles.
(...) estranhos prisioneiros são esses (...) semelhantes a nós (...) pessoas nessas condições não pensaram que a realidade fosse senão a sombra dos objetos.

PLATÃO. Livro VII. In. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 3. ed. 1980, p. 317-8.

A ideia do Bem

Pois segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que no, mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhor; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública.

PLATÃO. Livro VII. In. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 3. ed. 1980, p. 321.

A Teoria das Formas ou das Ideias

A doutrina pela qual Platão é mais conhecido é sua teoria das Formas ou das Ideias, termos que, dentro de seus propósitos, significam a mesma coisa. (...)
Faz-se referência ao fato de que Sócrates, quando perguntava “Que é beleza?” ou “Que é coragem?”, não estava tentando precisar a definição de uma palavra, mas procurando descobrir a natureza de alguma entidade abstrata que realmente existia. Não considerava que essas entidades estivessem em algum lugar, ou em algum tempo específico, mas como detentoras de algum tipo de existência universal independente de lugar e tempo. Os objetos belos individuais que existem em nosso mundo cotidiano e as ações corajosas particulares que as pessoas individualmente praticam são sempre fugídios, mas compartilham a essência atemporal da verdadeira beleza ou da verdadeira coragem; e estes são ideais indestrutíveis, com existência própria.

MAGEE, Bryan. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. p. 27.

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